quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Dança indiana amplia repertório de contadores de histórias

Experimentei a Odissi, dança indiana indicada para contadores de história aprimorarem sua expressão corporal. Como é ritualística, lembrei de um ensinamento que no Japão a dança e o teatro não são separados e acredito que na Índia também não sejam, pois o corpo vai mesmo desenhando um roteiro, tamanha a precisão dos movimentos. É de uma gratidão extrema começar a prática pedindo corporalmente para que a terra nos permita bater os pés nela. No início é difícil coordenar cada detalhe das mãos, pés, joelhos e peito - mas acredito que todas as primeiras vezes são meio às cegas e depois tudo precisa aprimorar com a prática. Ouvindo a professora fui incapaz de entender vários termos, mas reconheci que eram do balé. O corpo agradeceu o alongamento pré e pós coreografias - raramente praticados na maioria das aulas que conheço por aí. Pela primeira vez interagi com a barra das bailarinas e agradeci pelo meu corpo não ter perdido a flexibilidade. Os movimentos são tão detalhados que deve levar um tempo significativo de estrada para conquistarmos, mas valeu a tentativa, pois os músculos e a mente agradecem por ficarem tão entregues e presentes naquele empenho de dar o máximo possível dentro da coordenação que me falta. Absolutamente tudo que é leve e devagar se transforma num desafio sobre humano para mim, mas já não sofro com isso, pois sou assumidamente estabanada. As música indianas reverberam em algum lugar dentro de mim que não sei definir ao exato onde. E é sutil, mas quando a cabeça indica ao expectador os movimentos da mão, como não se deixar encantar? Ainda matei as saudades da yoga, pois fizemos saudação ao sol - o difícil era só acertar de que lado ele nascia em meio a tantos prédios. Pela primeira vez em décadas achei uma pena não ter pedido para fazer balé na infância, pois ouvi uma outra professora numa aula deste tipo e percebi o quanto elas têm consciência corporal e mais que isso, tratam a coluna como rainha, que é como a atriz Georgette Fadel a chama - o que beneficia a vida da gente, não serve só à dança. Certamente minha lombar agradeceria. Antigamente me frustraria de perder entre tantas orientações de postura, deslocamento, equilíbrio... Hoje em dia quero fazer cada vez mais e me livrar a toque de caixa da máscara de desastrada que assumi e não me serve mais. Que o tempo e a verba colaborarem. Evoé!

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