sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Ciranda das Mulheres Sábias

E só entre nós
temos de volta o aconchego do útero
E ao mesmo tempo em que uma bate
e não assopra o suficiente
Outra vem te ensinar
como revigorar o cabelo
e a alma, ao mesmo tempo
Uma corre em socorro daquela que chora
que depois reinventa as unhas
e brinca de bonecas adulta
preparando a cama de gato
Para o arranhão que outra fará
E em grupo tecemos histórias
aprendemos uma com a dor da outra
Lembramos que cada oportunidade
traz com ela uma potencial novidade
E nos lambuzamos de café e bolo
preparamos o afago mais caprichado
Na vaidade da que mais precisa
A que viveu mais
releva quando a paixão provoca estrago
Tem a que contribui
com a libertação pela risada
A irmã que te puxa de volta à realidade
quando o balão de gás subiu demais
A que só sabe amar de sopetão
A que te arruma
um guardião para as dores da sua alma
A que põe no colo
quando a represa transborda
A que faz alquimia junto
respira e distancia das dores em par
A que patina de mãos dadas
no caos em que escolhemos
para dar nosso melhor
A que se desculpa
quando põe numa roubada sem querer
e desembaça os óculos
quando vemos um príncipe
no lugar de um sapo
A que canta junto
e também contribui
para se conscientizar
da dádiva do presente
A que vai e vem
feito onda do mar
mas nos reencontros
demonstra que nada mudou
A meio zen, meio intelectual
com a qual as risadas
são asseguradas
A que aprendeu junto
e voou longe
mas te quer sempre por perto
A que lembra
da timidez perdida no limbo
da infância
A que esnobou criança
depois posou para foto
também viu os pensamentos
passarem como nuvens
ganha o mundo
mas mantém o coração ao alcance
E a que torce pela outra
mesmo que a quilômetros de distância?
Divide faxina, divulga pauta
e sempre dá um jeito de se manter presente?
Que aquilo que passamos apertando
os dedos uma das outras
ilumine outros muitos caminhos
E as gargalhadas a cada reencontrar
garantam muitas e muitas
tragicomédias para contar

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