domingo, 12 de outubro de 2014

Amor "Felícia"

Te amo pra cima, pra baixo
à direita e à esquerda
Amo teus medos
tuas cortinas e teus enfeites
Amo teu idealismo
tua fé crítica
e teu jeito brejeiro
Amo tuas pequenas dúvidas
tua generosidade
Amo que me dê sopetões
e carinhe quando me fragilizo
Amo tuas vírgulas, teus livros
teu olhar puxado
Amo tua companhia
como quem encontrou
terra firme
depois de navegar à deriva
e perder a bússola
Amo teu cuidado fraternal
com meus movimentos desastrados
Amo quando suaviza
o que lateja em mim
Amo que perceba meus detalhes
Amo que alivie meu calor
Amo dividir saídas culturais
com tua inteligência
Amo que me faça reconciliar
com teu signo
Amo que se interesse
pelas minhas dores
Amo que pergunte
pelo meu estado de espírito
Amo tua ironia
irmã do meu sarcasmo
Amo que me faça respirar
entre um machucado e outro
da avalanche do dia a dia
Amo tuas janelas
com paisagens interioranas
Amo que me force
relativizar dores familiares
Amo tua curiosidade quase infantil
Amo que diga não entender
e me force dar menos voltas
Amo esse sonho duo de pé no mundo
que sonho a dois
já é construção de realidade
Amo que minha história
tenha te arrepiado
Amo tuas vírgulas, tuas indignações
tua boa vontade, teus interlúdios
nossas interconexões
Amo teu companheirismo
e nossos espaços
Tuas maneiras de me fazer rir
Seu jeito de desacelerar
Amo tua metodologia pouco ortodoxa
de me fazer pegar leve comigo
Amo quando me deixa
digerindo seus chacoalhões
Amo que me inspire e me estimule
Amo que me deixe orbitar sua vida
que cuide das minhas dorese
Amo seu jeito vintage,
seus cabelos brancos
Amo ensinar e aprender contigo
Amo por a mão na massa juntos
Amo encaixar meu idealismo
à sua experiência
Amo que me estimule
mas me alerte
Amo que me apoie
mas puxe a orelha
Amo que me force
recalibrar o olhar
Amo que pulverize de otimismo
a bronca da amiga
Amo que emparelhemos
tanto em comum
E de aprender esse amor
meio lúdico, meio gratuito
meio sem fatura de cobrança
Não sabia nomeá-lo
Ah, a necessidade de rotular
até o que a vida dá de presente
E nesse encanto
meio estranhamento
De amoreco fraterno
que a vida encaixa
nas nossas frestas
Enviesei a história
Te cansei de ser sagitariana,
cênica e crítica além da conta
Esse poema
é só pra soprar
uns versos
alumbrados
Pra te dizer
feliz novos 365 dias
Que a gente
ouça o silêncio
em companhia
em muitos deles