terça-feira, 3 de setembro de 2013

Índigo

Gosto das roupas do avesso
de dormir com a cabeça
no rodapé da cama
Gosto de sentar no banco
que me mostra a paisagem
escapando pelas minhas
costas e olhos
Gosto de rock
no casamento
de misturar estilos
Gosto de pessoas
alternativas e desprendidas
que não se encaixam
Tiro sarro
da grosseria de quem amo
Gosto de reminiscências
de livro antigo
de bazar beneficente
de brechó escondido
Gosto da blusa
que me aponta
como ovelha negra
Mas sou mesmo
é a ovelha vermelha
Gosto de músicas
de outro continente
de dançar
como os índios
os africanos
Gosto de por a plateia
dentro da peça
de história em quadrinhos
de grafite em cima
de construções históricas
Gosto de quem batalha
pra viver do que ama
de quem não suporta
bater cartão
trabalhar religiosamente
até as seis
de quem educa
sem bater
da lambida do cachorro
nos pés
Gosto dele sujo
por ter deitado e rolado
na grama
Gosto de pés na água
de um rio sem nome
Gosto de subir
o morro sem pressa
da entidade me contando
o que não percebi de mim
Gosto de misturar espiritualidades
de perder a hora
dar mais importância à visita
que a TV por assinatura
recém comprada
Gosto de perder o juízo
confiar no divino
perdoar o que não é
de bom tom
Gosto da bruxa
da história encantada
de inventar contos
de cantar descompromissadamente
Gosto mesmo
é da pá virada
de subverter regra
do alternativo
do lado B

Nenhum comentário:

Postar um comentário