domingo, 23 de dezembro de 2012

Estrela cheia a baião

Essa semana a esperança saiu do coma induzido. E deu um respiro. Enigmático, mas assoprou que a vida é um segredo de Deus sussurrado numa noite de chuva. Então só chegam pistas. Que a jornada é para ser descoberta, desvendada, desvelada. Como abrir o doce feito e embrulhado a mão. E o mesmo mestre de sempre, a mesma voz de outrora, descortinou o estudado, mas esquecido "é um sonho, ainda que em vigília". E então a gente sorri para ele. Percebe que está caindo, mas se liberta pela risada. Olha a areia do apego escorrendo pelos dedos, tudo absolutamente diferente do que enfiaram na sua cabeça que tinha que ser. Mas brincamos de senhor da dança. Reencontramos a pessoa amada, nove meses depois e ela nasceu de novo, magra, radiante, transformada, entendiada. Com prosa para um dia de riso, choro e macarrão improvisado. E a gente revê as tias, arreganha o coração, se diverte e se emociona. Ouve para falar baixo e em seguida vem quase um grito de euforia. Que saímos da barriga e já nos contradizemos. E corre para dançar, crente que não vai chegar, a amiga faz o milagre da multiplicação dos ingressos e a gente arrasta pé. E convida para dançar e nem pisa no pé, ouve que é dançarina profissional e sua a alergia, se sente em Exu, no Nordeste, quase no meio do filme do Gonzaga. E o baião arrepia os poros e salta as veias e a gente rodopia, que somos "auto divertidos" como na comuna do falecido Orkut velho de guerra. E ganha vinho e chama Dionísio para a pista e prende o cabelo, faz Maria Chiquinha, volta para a infância. E dança. Apaixona pelo brinco da amiga, agradece a sandália franciscana - uma pechincha - ela escorrega, mas no embalo do Trio Virgulino, só dança. Sozinha e acompanhada, de olhos abertos e fechados, como se tivesse plateia e como se ninguém estivesse vendo. Termina o show de sorriso largo, coraçãozinho apertado, ai que lombriga de São João! Se esparrama pelo almofadão do Sesc, fala de política, trabalho, amor, espiritualidade. Os funcionários nos tocam, têm que descansar, é verdade! Minha mana chama pra virada em São Tomé das Letras, ah que pena, a verba não esticou tanto assim. E o baião ainda está em mim. Volto para casa procurando estrela. E tentando adivinhar como o nome desse blog "que cheiro ela tem"? De mar, de praia, de terra vermelha paranaense molhada, de fertilidade encharcada, de barro esculpido, de teatro vivido, de criação literária, de paixão bandida, de vida escondida, de mistério dos astros. De Deus sorrateiro, no nosso encalço. De sonho renascido, remodelado, "encordoado", de batalha ainda não terminada, de terra encharcada, de saudade indefinida, de reencontro quase mágico, de sonho a quatro mãos, de verdade virtual, de que vontade dum mapa astral!

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