domingo, 9 de setembro de 2012

Alice às Avessas


No momento mais história em quadrinhos pós-moderna da minha vida, desconstruo sonhos de fada. Faz frio e no aguardado reencontro com o “homem da minha vida das últimas três semanas”, preferia que ele me pegasse de carro aqui na porta de casa. Mas somos de carne e osso, sofremos os mesmos apertos, na melhor das hipóteses ele me pegaria de moto, mas hoje é o metrô que nos aproxima.
Também escolheria um filme, peça ou show de encher os olhos e o coração, jantaria fora, voltaria discutindo enredo ou repertório e terminaríamos a noite num queijo e vinho de se comer gemendo. Mas somos mortais, fomos atingidos pela última longa e tenebrosa crise e faremos “balada doméstica” do DVD, comidinha e edredom, mesmo odiando Big Brother.
Ainda nos livrando dos estereótipos Disney e Hoolywood, é provável que fizéssemos ajustezinhos mínimos um no outro. Mas temos raízes e asas e nossas delícias são cotidianas: dizer que não podemos cuidar, mas lembrar o outro para tomar o remédio, afirmar que não podemos dar mais do que bons momentos fugazes e ligar para perguntar como foi o ansiado teste para “o emprego dos sonhos”, se entrincheirar atrás dos medos e traumas na teoria, mas na prática dormir de conchinha.
Meu professor maníaco pelo romantismo tem razão: somos invariavelmente sonhadores e idealistas. Mas é ao teu lado que quero ficar hoje, em silêncio, mesmo sendo verborrágica. É este momento completo e inteiro que me basta por este instante mágico. Nunca tive talento para Cinderela mesmo. E olha que como falastrona incorrigível, sou uma contadora de histórias de mão cheia!

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