sábado, 14 de julho de 2012

A tia da bronca...

À primeira vista, o título pode parecer que ela é assustadora. Bem, a sobrinha precisa confessar que na infância foi mesmo: era difícil diferenciar a loira da morena e esta última já "amoleceu" com os netos do casamento na terceira idade. Mas esta tia faz parte da família na qual o coice é uma marca registrada. Praticamente a prova de que nasceu no clã dos bravos de coração que se derrete fácil. Não acredita? Como a sobrinha jurava na infância "verdade, verdade absoluta". É aquela tia que de tempos em tempos - com periodicidade bem curta, vamos confessar - dá roupas e mais roupas para a sobrinha. E não é qualquer roupinha não: são coisas de grife ou desenhadas exclusivamente pela tia, que já conhece qual a sobrinha que topa qualquer parada no figurino, talvez por ser atriz, talvez por ter gosto meio diferenciado como a que gosta duma bronca. O japa mais desastrosamente marcante da vida da sabrinha uma vez viu o álbum de fotografias dos sogros e brincou: "o que a filha de vocês está fazendo na festa"? Era a tia. A cara da sobrinha, anos depois. Vamos combinar que a cada reencontro... A tia é o mestre de paciência da sobrinha, que está procurando no budismo desapegar, se aprimorar, ficar mais tranquila, o que talvez seja uma missão quase impossível nessa família. A tia está sempre de esporas afiadas, digamos assim. Às vezes é um jeito meio dificultoso de se mostrar que tem preocupação com a sobrinha meio distraída. Nas últimas vezes foi a reprimenda por estar sem blusa, passando frio. A sobrinha sempre esquece que ir para certas cidades do ABC acarreta uma passagem no "portal do tempo": sempre se enfrenta um frio digno de área de manancial. E agora a sobrinha também acha que está inconscientemente fazendo "treinamento para piriguete": as últimas levas de roupas foram de verão. Mas eram tão lindas! A sobrinha quer usar todas, ficar "fashion", talvez numa admiração meio camicase pela tia. A que gosta de dar uma bronca, quando encontrou a sobrinha bebê num horário de almoço em que tinha ido comer na avó, ficou assim meio encantada, meio hipnotizada. Dizem que a sobrinha parecia um bebê Johnson´s. O fato é que a tia não almoçou naquele dia em que a sobrinha ainda tinha meses. E hoje em dia a tia pratica a metodologia da mestre irada Lama Tséring, do budismo tibetano, que também puxa as orelhas dos discípulos. Como é fácil esquecer que é para o nosso bem! O último episódio foi devido ao fato que a sobrinha já está em sua versão 3.4 e é a única mulher da face da terra que ainda não usa anti idade. Como explicar para a tia que não sabe que horas passar isso, por ainda se ver às voltas com ácido de espinha à noite? A tia é mulher de um argumento só: onde já se viu, para ela, a rainha das lipos, esse relaxo todo, nem parece da família... E para contar que está esperando os rendimentos mensais darem uma melhorada, que há dois anos eles estacionaram aquém do piso de sua profissão? Vai dizer que ela é pão dura, que tem a quem puxar... Dizer que "muquirana que se preze" não toma calote de ex room mate é letra morta. Mas e quando procurar por um trabalho decente ocupa todo seu tempo extra fora das várzeas trabalhistas, o que também dificulta ir à dermatologista e solicitar anti idade manipulado personalizado? Como diria a ex room mate "forget Margareth", argumentará à exaustão que não pode ser mulher assim, onde já se viu... Muito ingrato argumentar com libriana crítica bem sucedida na vida. É outro universo, apresentar para que, se à "bronca descontrol" só interessa puxar a orelha? Por essas razões que só os laços de sangue explicam, a sobrinha segue gostando, visitando e tomando coice da tia. Como diria a avó, será que era melhor gostar menos, para sofrermos menos também? Mistério...

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