quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Silêncio significativo

Ela queria escrever que voltou a parir poesia depois de um tempo significativo fugindo dos versos. Que se encantou e tentou não descarrilhar ladeira abaixo com a energia que voltava a dar cambalhotas depois de um longo inverno. Chorou por começar a entender e visualizar parte das orações budistas que vivia repetindo em reencontros com os parceiros espirituais. Desenferrujou as mãos em quick massage de passagem de ano e as palmas e dedos quiseram saber quando repete a dose, pois é terapêutico pra quem faz também. Voltou a fazer diário como o avô. Se emocionou de lembrar os pais e a ex chefe a colocando numa posição amorosamente elevada quando não esperava ou nem lembrava o que fazia melhor. Viciou nas sestas diurnas. Meditou cortando manga, cará e batata. Nunca esteve tão presente em refeições temperadamente criativas e naturebas. Teve dficuldade de dormir, como era de se esperar. Ganhou ajuda com mala. Cochilou na carona. Divertiu os colegas. Ganhou estímulos.. Sonhou na mesma direção do outro, o que já contribui muito pra dar certo. Se viu pela lente mais generosa alheia. Trabalhou uma impacienciazinha fora de lugar. Prestou atenção na respiração com a paisagem da pista de voo. Colheu lixo na mata. Lembrou como era uma pinga sem contra indicação debater educação e política se indignando nos mesmos absurdos. Contraditoriamente depois praticou o nobre silêncio ao invés de subir no palanque da garganta. Sentiu saudades de atitudes que já nem lembra quando recebeu. Se esqueceu na rede. Ganhou carinhos de mães alheias. Descobobriu indicações naturais contra infecção de urina e gastrite e quis dividir com amigos e familiares. Quando voltou parou nas lixeiras recicláveis e se questionou onde descartava paixão datada. Procuou o que ainda a representava para simbolicamente por no lixo. Não encontrou dentro e nem fora. Voltou mais leve do que já sentia. Entendeu quando o amigo falava da falta de palavras pra certas situações. Se entregou mais cedo pro toró fazê-la dormir. Enfim em sua cama que o sono é temperamental. A bruxinha que habita nela acha simbólico entrar o ano sangrando, recitando mantra, ouvindo fogos e chuva. Não só o ano será novo. Ela também.

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