quinta-feira, 23 de maio de 2013

À deriva

Corpo ele não vai voltar
pés a massagem dele ficou na memória
panturrilha ele não vai te elogiar
palavras e toques entraram na nossa história
coxas aquelas palmas em vocês não vão se encher
cintura na escada rolante ele não brinca mais te enlaçando
quadril aquele forró ele vai te dever
seios nem hálito e nem aperto vão te acordando
e saboneteira não adianta derrubar a alça
ele não vai mais ver
pescoço, ombro a barba e aquela respiração
entraram para o caderno de recordação
e boca eu só repito esse caminho
pra te reafirmar que agora a gente caminha sozinho
Sei corpo essa cama dobrou de espaço
mas dizem que em algum momento
esses nervos viram de aço
refazer esse trajeto sozinha eu não aguento
Corpo a gente já escreveu, suspirou
incomodou tudo que é amigo
Agora teu trajeto é comigo
Mas dedos bailarinos porque usar lápis de cor
não sei, poeta gosta de maquiar a própria dor
Ah mente não invente, isso ainda não era amor
Pois então tente: 
é mais difícil abortar no auge do torpor
Ô coração, sabe esse talho que abriu de mal jeito?
Eu prometo ainda vai virar só tatuagem
Onde foi que a gente se perdeu nessa viagem?
Não interessa: é preciso alcançar a outra margem

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