quarta-feira, 2 de julho de 2014

ET na Copa

Os jogos começam e eu pareço vir de Plutão. Não, não vi o passe do meia do Cuzuquistão. Ah é, o goleiro da Malásia era uma graça? Não faço ideia qual foi o placar entre o Nepal e o Quirquistão. Queria mesmo era fazer parte do protesto online Vai ter Cópula. Mas como diz a tia da minha prima "recebemos currículos, fizemos dinâmicas de grupos e... não tinham o perfil". Daí no primeiro jogo fui militar na casa da professora de canto:
- Croácia! Croácia!
Mas lá para as tantas fui arrebatada... Pelas pernas dos jogadores. Que Marcelo é aquele cambada? Ah, ele fez gol contra? Hum...
Nunca pintei a rua, coloquei bandeirinha, colori muro. Na melhor das hipóteses tive figurinhas dos jogadores da Suécia, que eram uma graaaaça, há muitos anos atrás. Mas nesta temporada, é como se trocasse de planeta me mantendo na Terra mesmo. Um dos poucos assuntos que não tenho um mísero comentário a fazer, junto com as "editorias" carros antigos e motos. Fico lá ouvindo e enfiando o pé na jaca em algum vinho ou cerveja escura, para acordar "corta pulsos" no dia seguinte.
No último jogo também, estava com boleiros da zona leste e fiz uma social nos bares do Itaquerão, já que meu bolso não comportava ingressos na Arena e na educação não rolam "jabás" generosos como no jornalismo. Estranhei a comemoração europeia da Holanda: umas palmazinhas e pronto. Num dos gols na partida do Brasil também fui abduzida e comemorei. Não lembro o nível de álcool que foi necessário.
Cadernos de esporte sempre foram os que pulava, colocava na gaiola dos pássaros do meu pai ou usava de "banheiro" pro meu filho canino, o Bidu. Sempre "torci" fazendo pipoca da cozinha: basta acompanhar o ritmo da locução que quando fica mais exaltada, é batata: posso ir para a sala e rever o lance do gol um "porrilhão" de vezes, ouvir as análises - todo mundo é comentarista nato de "futibas", uma pena esse monopólio dos Galvão Bueno de sempre.
Trata-se de um talento para torcer não alimentado. Sou corinthiana não praticante: na barriga da minha mãe acompanhei ela pular quando o Timão levou um título e acabou com um "jejum" que se não me engano já durava 25 anos. Pois bem, quando ela parou de pular, eu comecei e a dona Lu passou mal. Ao nascer, meu pai comprou uma blusinha do Corínthians antes de saber meu sexo. Mas nunca me levou em estádio, oras, como podia me tornar "Gaviões" roxa? Só ano passado que colegas de trampo me levaram para ver Ponte Preta com uns argentinos no Pacaembu e gamei: é um esporte que faz sentido no estádio. Muito embora seja mais batuqueira que torcedora e só não me rendi ao ziriguidum dos hermanos por medo de sair alguma briga e estar longe dos meus acompanhantes.
Chutando pau na barraca recentemente, no último jogo me rendi ao atraso de sono e capotei. Sonhei com olas, ouvindo a vizinhança torcer enlouquecida. No próximo também estou curiosa pra conferir o movimento na Vila Madalena, que está caindo nas graças da "gringaiada", mas...com quem jogaremos mesmo?
Me sinto na pele da eterna incompreendida, quando ouço: "mas nem na Copa"?, ao confessar que não consegui cair de amores pelo esporte mais passional do País, parece quando recuso carne por ser vegetariana e tenho que ouvir: "nem peixe"?

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