Me identifico com uma tia que ficou trinta anos esperando pela aposentadoria para por a casa em ordem, mas quando essa merecida pausa chegou, ela continou na antiga contra lógica:
- Onde por isso aí que você está me perguntando? Jogue pelo meio da casa.
Ainda não relaxei tanto a ponto de me assumir caótica, mas ser bagunceira é uma saia justa na qual só se apertaram os que não tem ideia de como se encaixar no eixo como os outros mortais.
A gente sai de roupa do avesso e justifica "dizem que colocar sem planejar dá sorte".
Vive de roupa amassada e culpa o transporte: "naquela sardinha, quem se mantém na estica"? Mesmo que seja duas da tarde no domingo, saindo do metrô confraria linha verde.
Alguém te passa um e-mail importante, mas como você ainda está em "desmame do jornalismo", tem coleção de bloquinhos, quando poderia enviar o que o fulano precisa, como encontrar o bendito endereço eletrônico no momento em que pode passar a bendita mensagem?
Você anota na agenda, no celular e no agendão na mesa do escritório e ainda assim, às vezes não confere nenhum e confia no catzo da sua memória que tem dado pau há alguns aninhos.
Volta e meia cisma de usar roupas que podem estar na mãe, na amiga, no namorado, no irmão adotado... Só o Senhor saberia!
Por razões que só a astrologia explica, teima em ter uma bolsa e mochila: todas as ocasiões que precisar de um bilhete único, chave de casa, é preciso esvaziar tudo solicitando a proteção dos padroeiros de cabeças ocas.
Sempre há uma etiqueta dando bandeira que acabou de comprar aquela roupa e faz questão de sair com ela da loja e a velha na sacola, só podia pedir assistência e não sair por aí com o código da C&A "piscando em alto relevo".
O pé não ajuda, tudo machuca. Na era jurássica comprou uma meia que não fazia bolhas. Mas quando acha um pé o outro sumiu no mundo.
Quem vê pensa que a casa tem esse tamanho todo.
Aliás você pagaria um rim por um óculos com sinal sonoro, como os de encontrar carros no estacionamento.
Sempre "dá tchau" para a gata antes de sair e mesmo assim, outro dia a prendeu sem querer entre a janela e a rede.
Todos dizem que quando tiver filhos, os encontrará nos Achados e Perdidos.
Aliás, é uma campeã deles.
E por falar neles, o São Longuinho tem feito alcançar uma infinidade de graças.
Como a mochila esquecida com o "rim dentro" no Mc Donald´s da Vila Mariana.
Quando os frequentava.
Você é campeã olímpica de receber zap, e-mail, SMS e mensagem no Face começando com "você esqueceu aqui o/ a...".
Sua tia viciada em Renew e lipoaspiração acaba contigo "tem quase quarenta anos e não usa anti idade, nem faz banho de creme, arruma a unha ou fica com depilação em dia". Graças a ela descobriu que anti espinha também é anti idade. Volta e meia compra um para não passar por adolescente "com quase 40 anos", mas a menos que um monstro verde da Tasmânia emerja de sua pele, não lembra de usar. Já tentou anti olheira, mas ao descobrir que crianças branquinhas também tem, vive deixando o seu na prateleira.
Você também é PhD em usar calcinha da Bridget Jones quando sai com o homem da sua vida. A da vó, que não serve nem para o varal, quanto menos para passear com você por aí em dias possivelmente divertidos.
Pois bem, você só consegue se engraçar com homens generosos e que vejam nisso um charme displicente.
Ainda bem que dá aulas de artes e avalia "em processo", pois seria incapaz de receber e devolver uma prova, um execício que se pretende voltar à sala de aula, uma lição de casa. Tudo é proposto e criado em grupo no horário de aula. Se identifica profundamente com aluno com filho, mil bicos, vários turnos de trabalho e completamente sem tempo.
É preciso começar a tentar ver peças dos amigos no começo das temporadas, pois com os atrasos e confusões de endereço, só é possível conferir a última apresentação.
Aliás, em se tratando de rotinas escolares nunca foi capaz de dividir um caderno em várias matérias. Seus blocos de notas apenas anteontem passaram a ter marcas coloridas entre um curso livre e outra oficina.
Há vantagens? O jogo de cintura se torna imperativo: se não encontramos vermelho, vai verde, se não temos manjericão, vai orégano, se não chegamos à peça do primo, vai o cinema da esquina. Viramos os famosos "vamos? É pra já".
Suas patacoadas divertem familiares, vizinhos, amigos e colegas de trabalho. Como levar o CD de tango para a consulta médica no lugar da mídia com fotos da córnea.
Uma rotina de comunicação ajuda o dia a dia ordinário depois de quase 20 anos de redações e assessorias de imprensa: faz lista de pauta para consultas, ligações estratégicas com quem gosta, terapias, a fim de não dispersar demais. Funciona bem.
Dá sempre bandeira da desorganização? As pastinhas do computador pessoal e do e-mail no trabalho poderiam atestar o contrário. Afinal, chegou a ser vexatório ser tocada do expediente enquanto ainda tentava encontrar um documento ou imagem imprescindível.
Às vezes temos vislumbre de como poderia ter tudo em dia.
Como se deliciar numa aula adulta tendo pesquisado em casa e aprender em dobro.
De repente faz até sentido ter pagado os pecados como setorista especializada em TI por tanto tempo: era inviável sair para uma entrevista sem pesquisar previamente.
Nem que fosse no táxi. Aliás para isso que serve o trânsito paulistano.
Agora, cá entre nós: você já teve o insight de que toda essa BURROcracia nos impede estrategicamente de mudar o mundo para melhor e nossa missão pode ser dar perdido nelas?
terça-feira, 3 de novembro de 2015
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
Entrando na faca
Hoje é dia de entrar na faca. Nada de planejar aula, fazer projeto, editar livros que sairão por leis de incentivo, estrategiar formação para professores infantis, caçar editais... Devia ter madrugado para tomar café a tempo de ficar oito horas em jejum, mas quando o celular tocou devo ter dito "faz me rir, despertador", desliguei e afundei no sono de novo. Não é digno levantar às cinco da madruga. Tenho trauma desse horário desde os plantões do finado jornalismo. Quando finalmente consegui me livrar dos lençois - caramba, parece que eles "tem cocaina"´! - já não poderia comer, pois estouraria o tempo pedido sem nada no estômago. Só que...O médico era novo, o hospital e até o convênio! Para despistar um ensaio de ansiedade fui... Propor contações de história pela Internet. A pessoa quer ser empreendedora até na licença médica! A amiga da comunidade que ajuda a arrumar a fuzarca da casa chegou! Louvado seja Buda, posso me esquecer no home office! Quebro a cabeça para lembrar que página vi no Face de madrugada para propor projeto... Faço algumas prospecções, mas começo a sentir fome e ensaio pegar leve para o estômago não me enlouquecer. Daqui a pouco aparece pai, mãe e tia para me levar à internação. Quem semi nova como eu chega para operar glaucoma congênito com a torcida do Flamengo como acompanhantes? Dou todos os perdidos possíveis na parte de mim que quer ficar nervosa: falamos do caminho, das aulas, dos livros, da família... Lá no hospital quero sugerir contar histórias para humanizar a saúde. Sinto falta do trabalho que fiz pela Viva e Deixe Viver no hospital Cruz Azul. Me apaixono pela foto ou desenho de uma São Paulo retrô que já não existe mais na recepção. A bateria do celular morre e corta minha hiperatividade. Quando chamam pra enfiar minhas coisas no armarinho e por aqueles avental, touca e meia impessoais da sala cirúrgica, bem essa é a hora D. Só subindo na maca me deixo ficar nervosa. Chegam os anestesistas e já aviso:
- Tenho veia bailairna, deve ser de família, pois o primo Ignácio Loyola Brandão também tem. Se puder, usem agulha de bebê - tem que ser toda polida pra não se aborrecerem de você, pobre mortal, dar palpite na área deles. Levam três picadas, elas dançam, só conseguem me furar certeiramente dentro do antebraço, que doi mais que a mão ou atrás do cotovelo. Quando aparece o médico já piro: como ele pode vir tão animadinho assim pra me picotar? E se algo sai do planejado, como meu amigo oftalmo contou na residência que está fazendo? De onde raios ele arruma essa empolgação infantil? São escavações nada históricas, num olho de gente!
Ouço os anestesistas explicarem que farão a sedação tópica, só para ficar mais tranquila. Tudo entra em slow motion. Fico em estado de graça nesse estágio, parece barato, mas não de pinga, não consigo passar por isso à noite e tenho horror a ver ou ouvir a cirurgia, já que tenho trauma de lembrar de luz em cima de mim em mesa cirúrgica e gente de branco nas operadas beeeem baby. Capoto.
Volto com a corda toda, querendo fazer todas as perguntas do mundo, como se não tivesse deixado de ser jornalista. O médico me deixa falando sozinha e vai falar com a tia, a mais espertinha da família, acredita-se. As enfermeiras, sempre elas, humanas pra burro, trazem comida, proseiam. Gozado que há uma aviso para não usarmos adornos, mas acho que nossa necessidade de nos enfeitar é tão inata, que elas têm touquinhas coloridas, floradas, lúdicas. Reclamo deles se aborrescerem com perguntas, critico construtivamente a educação, até que alguém lembra que há três familiares ligeiramente ansiosos do lado de lá. A sensação do olho tapeado é como se despejassem areia antes de por gaze, mas já foi assim nas nas sete anteriores.
Volto pra casa implorando pela minha gata por perto, eles são tão terapêutcos e não pulam desgovernados em cima de nós, como os cachorros, mas a levam para minha tia, PhD em estragar felinos. Nos meus pais a ordem é repouso, ficar de barriga para o ar, mas negocio cachês e agenda deitada. Penso que para que aquele medico novinho me corte bem, ele treinou nos sem opção do SUS e me compadeço. E essa veia fanfarrona, que os anestesistas pegavam e ela sambava! Os colegas mandam sair do celular, mas o médico doido pra cortar mais um já tinha falado que se ficasse online, só não enxergaria a contento, mas também não desestabilizaria nada.
Cuidar de um pepino congênito é se acostumar às rotinas mais assustadoras: ser picotadas de tempos em tempos, anestesista tentar falar contigo na hora do rooonc, amigos e familiares meio pé atrás com a melhora e você fazendo e acontecendo pra dar perdido no ensaio de nervoso. Contanto que não me lembre mais de ninguém falando do meu quadril na maca cirúrgica, de luzes grandes em cima de mim e homens assustadores de branco, colaboro. Ao contrário das grávidas que temem estourar a bolsa, tenho medozinho dessa bolha do olho também se partir qualquer dia desses, mas faço de conta que não é comigo. Fazem um buraco controlado no meu olho, explicou uma médica amiga da minha mãe. Mais ou menos né doutora? A pressão sempre foi contida para não subir muito, só que nos últimos tempos ela só despenca! O olho vira uma uva passa assim, tem que estabilizar na unha de novo... E depois essa senação de meia pria de Ipanema na córna. Os pontos, ah, os pontos. Talvez tirem mais uns, só que no laser a gente até fica mais "de boas". Nessas sempre me pergunto: como é que alguém entra na faca deliberadamten?
- Tenho veia bailairna, deve ser de família, pois o primo Ignácio Loyola Brandão também tem. Se puder, usem agulha de bebê - tem que ser toda polida pra não se aborrecerem de você, pobre mortal, dar palpite na área deles. Levam três picadas, elas dançam, só conseguem me furar certeiramente dentro do antebraço, que doi mais que a mão ou atrás do cotovelo. Quando aparece o médico já piro: como ele pode vir tão animadinho assim pra me picotar? E se algo sai do planejado, como meu amigo oftalmo contou na residência que está fazendo? De onde raios ele arruma essa empolgação infantil? São escavações nada históricas, num olho de gente!
Ouço os anestesistas explicarem que farão a sedação tópica, só para ficar mais tranquila. Tudo entra em slow motion. Fico em estado de graça nesse estágio, parece barato, mas não de pinga, não consigo passar por isso à noite e tenho horror a ver ou ouvir a cirurgia, já que tenho trauma de lembrar de luz em cima de mim em mesa cirúrgica e gente de branco nas operadas beeeem baby. Capoto.
Volto com a corda toda, querendo fazer todas as perguntas do mundo, como se não tivesse deixado de ser jornalista. O médico me deixa falando sozinha e vai falar com a tia, a mais espertinha da família, acredita-se. As enfermeiras, sempre elas, humanas pra burro, trazem comida, proseiam. Gozado que há uma aviso para não usarmos adornos, mas acho que nossa necessidade de nos enfeitar é tão inata, que elas têm touquinhas coloridas, floradas, lúdicas. Reclamo deles se aborrescerem com perguntas, critico construtivamente a educação, até que alguém lembra que há três familiares ligeiramente ansiosos do lado de lá. A sensação do olho tapeado é como se despejassem areia antes de por gaze, mas já foi assim nas nas sete anteriores.
Volto pra casa implorando pela minha gata por perto, eles são tão terapêutcos e não pulam desgovernados em cima de nós, como os cachorros, mas a levam para minha tia, PhD em estragar felinos. Nos meus pais a ordem é repouso, ficar de barriga para o ar, mas negocio cachês e agenda deitada. Penso que para que aquele medico novinho me corte bem, ele treinou nos sem opção do SUS e me compadeço. E essa veia fanfarrona, que os anestesistas pegavam e ela sambava! Os colegas mandam sair do celular, mas o médico doido pra cortar mais um já tinha falado que se ficasse online, só não enxergaria a contento, mas também não desestabilizaria nada.
Cuidar de um pepino congênito é se acostumar às rotinas mais assustadoras: ser picotadas de tempos em tempos, anestesista tentar falar contigo na hora do rooonc, amigos e familiares meio pé atrás com a melhora e você fazendo e acontecendo pra dar perdido no ensaio de nervoso. Contanto que não me lembre mais de ninguém falando do meu quadril na maca cirúrgica, de luzes grandes em cima de mim e homens assustadores de branco, colaboro. Ao contrário das grávidas que temem estourar a bolsa, tenho medozinho dessa bolha do olho também se partir qualquer dia desses, mas faço de conta que não é comigo. Fazem um buraco controlado no meu olho, explicou uma médica amiga da minha mãe. Mais ou menos né doutora? A pressão sempre foi contida para não subir muito, só que nos últimos tempos ela só despenca! O olho vira uma uva passa assim, tem que estabilizar na unha de novo... E depois essa senação de meia pria de Ipanema na córna. Os pontos, ah, os pontos. Talvez tirem mais uns, só que no laser a gente até fica mais "de boas". Nessas sempre me pergunto: como é que alguém entra na faca deliberadamten?
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
"Nem de humanas, nem de exatas, sou de faxinas"
Não sabia muito bem como era arrumar irmão "semi nova". Acostumei mal e porcamente a comemorar uns irmãos passageiros aqui e acolá, coisa de filha única meio inconformada, mas desses assim de puxar a orelha quando estamos viajando rumo ao precipício, de brigar pela gente (e bater boca nem é muito a praia do mano aê), sacudir para ver a parte boa, inventar "naturebices" juntos, ajudar com trampo que se troca aos 45 do segundo tempo, repetir comida, mimar gata, meditar, desbravar a zona lost, redescobrir o centro que para mim ainda era uma incógnita, roubar cama, pintar o azulejo do banheiro de tinta impermanente da minha temporada ruiva "no estado de espírito", avisar dos retiros imperdíveis, suavizar das chutadas de pau na barraca "dazamiga", dos alunos, "dos mino", se sacanear, rir de bobajada, indicar conteúdo relevante nesse mar infinito de informações que é a Internet... Sei não, a isso tudo estava completamente desacostumada. Daí a gente se vê nuns surtos de filhauniquice, justo eu, me orgulhava de ouvir que não parecia, de caçar informalmente (ou nem tanto) esses manos que a vida não dá e mesmo assim a gente descola... Quando desencanamos e eles caem no nosso colo, não reconhecemos a tal bênção que para pedir, "protocolamos a solicitação em três vias, reconhecemos firma e entramos na fila". É que esse amor de mano, ainda que inofensivo, atropela a gente dum jeito que mandamos anotar a placa do caminhão. Mas depois do estrago OM NAMA SHIVAYA que com estas bobajadas do cotidiano não há de se perder muita energia! Ele faz parte do meu top 3 signos dificultosos, mas geralmente é do que se corre que se cai em queda livre no colo. Já fizemos faxina, já torcemos pra Copa, já empatamos a paquera alheia, já multiplicamos os amigos, já dançamos bêbados, animamos pra ensinar, brochamos também, conferimos peça, tomamos chuva, voltamos à infância no cinema, "alugamos" parceiros antigos de faculdade, militamos... Ele manda pra casa quando a teimosa aqui está caindo em pé querendo prosear na Praça Roosevelt... Tem um porrilhão de coisas que ele já me ensinou, só não sei se listo em ordem alfabética ou cronológica... Rarará! Mas acho que a mais surpreendente foi amar virginianos pé no peito. Feliz aniversário quase literariamente mano!
sábado, 1 de agosto de 2015
Aceita moeda de fora?
Colegas de uma profissão ligeiramente ingrata passam na roleta de um microônibus na grande São Paulo e... Quero dizer, um deles passa. A outra conta moeda, caça trocado na bolsa, cansa a fila atrás dela, preocupa o amigo que já arrumou lugar do lado de lá, até que encontra uma solução no mínimo esdrúxula para o impasse do dinheiro perdido entre bolsa e carteira:
- O senhor podia aceitar estes vinte centavos de euro?
- De que?
- Euro!
- Que diabo é isso?
- Moeda europeia.
- Minha senhora, essa moeda só vem, não volta, aqui não é casa de câmbio!
- Vale três vezes a nossa, da última vez em que cotei. Era uma recordação de viagem, mas...
- Mas o que?
- O senhor leva um amuleto de viajão esperado inesquecível que trará imensa sorte em sua vida!
- E eu lá sou místico?
- Pode começar uma poupança para rodar o mundo...
- Sendo cobrador na periferia? Sei...
- Na Argentina aceitam real, peso e dólar.
- Deve ser por isso que não saem da crise. E isso lá pode?
- Ah, dizem que é ilegal, mas parece que esta norma, lei, sei lá... Também não pegou.
- Ah, as leis também não pegam com os hermanos? Sei...
- Esta moeda traz o frio de Paris.
- E o que mais passageira imaginativa?
- O metrô de sonhos de Londres.
- Conte-me sobre seus devaneios turísticos.
- Os chafariz de Madri.
- Está começando a melhorar a paisagem.
- Os museus de Barcelona.
- Devem ser caros.
- As construções históricas de Roma.
- Preferia que você me desse moeda brasileira mesmo e mostrasse as fotos, que já está de bom tom.
- Tenha um pouco mais de olhar empreendedor! Poderão atender passageiros de todo mundo ampliando aceitação monetária na catraca!
- Gringos quase não visitam o ABC e se visitam, os amigos e parentes andam de carro ou táxi. Nunca vi falarem outra língua nesses corredores.
- Talvez só esteja faltando esse passo de começar aceitar moeda de fora.
- Deus me livre, começarão a perguntar em inglês, espanhol e aí sim que terei que me fingir de dorminhoco, pois não saberei responder!
- Moça, a gente precisa passar - pedem passageiros acumulando atrás da negociante persistente.
O colega de trabalho cansa e volta à catraca:
- É isso que falta cobrador?
- Obrigado!
A catraca destrava e ela quer saber:
- Ué, como sabia que só faltava...
- É sua especialidade empacar nesses centavozinhos finais de passagem. Vem, vamos perder o ponto.
E assim se vai uma tentativa de por em circulação o amuleto de 20 cents de euro, "carreador" de tantas lembranças de mochilão... Quer dizer, de pochete, pois professor é mais modesto na saída ao exterior.
- O senhor podia aceitar estes vinte centavos de euro?
- De que?
- Euro!
- Que diabo é isso?
- Moeda europeia.
- Minha senhora, essa moeda só vem, não volta, aqui não é casa de câmbio!
- Vale três vezes a nossa, da última vez em que cotei. Era uma recordação de viagem, mas...
- Mas o que?
- O senhor leva um amuleto de viajão esperado inesquecível que trará imensa sorte em sua vida!
- E eu lá sou místico?
- Pode começar uma poupança para rodar o mundo...
- Sendo cobrador na periferia? Sei...
- Na Argentina aceitam real, peso e dólar.
- Deve ser por isso que não saem da crise. E isso lá pode?
- Ah, dizem que é ilegal, mas parece que esta norma, lei, sei lá... Também não pegou.
- Ah, as leis também não pegam com os hermanos? Sei...
- Esta moeda traz o frio de Paris.
- E o que mais passageira imaginativa?
- O metrô de sonhos de Londres.
- Conte-me sobre seus devaneios turísticos.
- Os chafariz de Madri.
- Está começando a melhorar a paisagem.
- Os museus de Barcelona.
- Devem ser caros.
- As construções históricas de Roma.
- Preferia que você me desse moeda brasileira mesmo e mostrasse as fotos, que já está de bom tom.
- Tenha um pouco mais de olhar empreendedor! Poderão atender passageiros de todo mundo ampliando aceitação monetária na catraca!
- Gringos quase não visitam o ABC e se visitam, os amigos e parentes andam de carro ou táxi. Nunca vi falarem outra língua nesses corredores.
- Talvez só esteja faltando esse passo de começar aceitar moeda de fora.
- Deus me livre, começarão a perguntar em inglês, espanhol e aí sim que terei que me fingir de dorminhoco, pois não saberei responder!
- Moça, a gente precisa passar - pedem passageiros acumulando atrás da negociante persistente.
O colega de trabalho cansa e volta à catraca:
- É isso que falta cobrador?
- Obrigado!
A catraca destrava e ela quer saber:
- Ué, como sabia que só faltava...
- É sua especialidade empacar nesses centavozinhos finais de passagem. Vem, vamos perder o ponto.
E assim se vai uma tentativa de por em circulação o amuleto de 20 cents de euro, "carreador" de tantas lembranças de mochilão... Quer dizer, de pochete, pois professor é mais modesto na saída ao exterior.
quinta-feira, 30 de julho de 2015
Carta presse Menino que Cruzou o Meu Caminho e Mudou a Direção
É, não foi agora.
(não tem problema, ainda pode-se sonhar um bocado)
Dizem as más línguas que foi-se o tempo. Essas, hábeis em atingir feridas quase extintas, cobram, cortam alegrias, questionam o que não se responde.
Nem é por elas na verdade.
Hoje tem pontadas familiares, mas com outro peso.
Neste meio de semana, experiencio aquela simbologia cíclica de acatar perdas, sem metáforas.
De emoções que não sabia, mas te assaltam mais à queima roupa que contas, incertezas ou receios.
De sensações latejantes na intensidade de que você deva ser o cara mesmo. Esse com ar de ficção.
De desaguares pulsantes sem lógica, na linha "continuo feliz a despeito de remar contra maré".
Bom, sou especializada nisso.
De confirmar que numa suspeita meio poética, meio para lá do nosso controle, nos prontificamos de bate pronto.
Queria condensar num poema, mas menino é sangrar demais pra página de menos.
Criei mudanças imaginárias, falei com meu imaginário, realoquei tempos e pessoas, insisti mentalmente em cada vírgula das minhas convicções militantes.
Nada aconteceu.
Ou sim, duas machucadas meio previsíveis, meio óbvias, meio mais do mesmo. Em momentos vulneráveis feito pele queimada de sol.
Tantos macaquinhos dando piruetas no sotão - mas sei de onde vêm.
Quis te dar o presente mais elaborado que imaginamos nesta toada da cisma vã. Tá, volto aos puxões de orelha providenciais. Inda não me curo aqui.
Lembro que contigo e a Peteca na cama encontro uma plenitude onde está tudo que queria.
Ou nada como uma noite de aulas de artes para reabastecer.
Inda não sei bem de que.
É de estraçalhar aprender que se tinha o que precisava e se preciso de menos ralados, que vá de encontro à quietude. Outros universos raramente fazem conexão com o meu, meio etéreo, pouco terra.
Parafraseando Legião "já passou, já passou, quem sabe um outro dia".
Nesta madruga "aconchegantemente" fria, ainda não sei o que lateja mais: esfacelar uma ilusão cômoda, as léguas de compreensão de quem gosto, mas vive insiste em ligações pouco lúdicas, ou esta dorzinha de que não, não é tão simples quanto a mente criou.
A Peteca se encanta com a caneta dançando e me reapaixono por ela.
Foi mágico descobrir que apesar das condições inadequadas de temperatura e pressão, de menino você não tem nada.
Claro que um mundo de realizaçõezinhas nos aguarda.
Algo em mim imaginava que me partindo, a experiência maior do amor nasceria.
É de chorar pelos cílios descobrir que parceiro para todas as horas está tão perto...a ponto de tocá-lo.
O ano é novo e as emoções se reeditam!
(não tem problema, ainda pode-se sonhar um bocado)
Dizem as más línguas que foi-se o tempo. Essas, hábeis em atingir feridas quase extintas, cobram, cortam alegrias, questionam o que não se responde.
Nem é por elas na verdade.
Hoje tem pontadas familiares, mas com outro peso.
Neste meio de semana, experiencio aquela simbologia cíclica de acatar perdas, sem metáforas.
De emoções que não sabia, mas te assaltam mais à queima roupa que contas, incertezas ou receios.
De sensações latejantes na intensidade de que você deva ser o cara mesmo. Esse com ar de ficção.
De desaguares pulsantes sem lógica, na linha "continuo feliz a despeito de remar contra maré".
Bom, sou especializada nisso.
De confirmar que numa suspeita meio poética, meio para lá do nosso controle, nos prontificamos de bate pronto.
Queria condensar num poema, mas menino é sangrar demais pra página de menos.
Criei mudanças imaginárias, falei com meu imaginário, realoquei tempos e pessoas, insisti mentalmente em cada vírgula das minhas convicções militantes.
Nada aconteceu.
Ou sim, duas machucadas meio previsíveis, meio óbvias, meio mais do mesmo. Em momentos vulneráveis feito pele queimada de sol.
Tantos macaquinhos dando piruetas no sotão - mas sei de onde vêm.
Quis te dar o presente mais elaborado que imaginamos nesta toada da cisma vã. Tá, volto aos puxões de orelha providenciais. Inda não me curo aqui.
Lembro que contigo e a Peteca na cama encontro uma plenitude onde está tudo que queria.
Ou nada como uma noite de aulas de artes para reabastecer.
Inda não sei bem de que.
É de estraçalhar aprender que se tinha o que precisava e se preciso de menos ralados, que vá de encontro à quietude. Outros universos raramente fazem conexão com o meu, meio etéreo, pouco terra.
Parafraseando Legião "já passou, já passou, quem sabe um outro dia".
Nesta madruga "aconchegantemente" fria, ainda não sei o que lateja mais: esfacelar uma ilusão cômoda, as léguas de compreensão de quem gosto, mas vive insiste em ligações pouco lúdicas, ou esta dorzinha de que não, não é tão simples quanto a mente criou.
A Peteca se encanta com a caneta dançando e me reapaixono por ela.
Foi mágico descobrir que apesar das condições inadequadas de temperatura e pressão, de menino você não tem nada.
Claro que um mundo de realizaçõezinhas nos aguarda.
Algo em mim imaginava que me partindo, a experiência maior do amor nasceria.
É de chorar pelos cílios descobrir que parceiro para todas as horas está tão perto...a ponto de tocá-lo.
O ano é novo e as emoções se reeditam!
segunda-feira, 29 de junho de 2015
A Mulher que Rasgava Revistas nos Consultórios
A família a incentivou a ser "rata de banca" e ela devorava matérias de revistas. Era um perigo quando ia ao médico ou dentista, pois sempre enfrentava a lei de Murphy literária: quando encontrava publicações que não eram jurássicas, e chamavam tão rápido que mal lia os títulos. Daí não resistia: rasgava as matérias dos impressos, escondia nas bolsas e lia nos ônibus ou metrôs na volta. Não era possível acusá-la de ladra midiática assim, à queima roupa: era hábito dos familiares e é impressionante como a genética envia heranças pouco nobres. A tia também decepava revistas Claudia, Super Interessante e Galileu. Ultimamente se contentava com Seleções e Nationais Geographcs paleozóicas. Era uma aspirante a cientista, muito embora tenha modestamente varrido centros comunitários e passado em algumas linhas de produção. O hábito a tinha transformado numa "terapeuta da esquiva informal": quando percebia que parentes adentravam o limbo de assuntos polêmicos que renderiam brigas desnecessárias nas casas deles, fugia para um assunto que gostavam e terminavam o reencontro em paz. A sobrinha roubava matérias da Vida Simples, Viaje Mais, Rolling Stone, Cult, VIP, TPM, Piauí, Carta Capital, isso quando o abastecimento periódico dos consultórios ajudava. Se não houvesse escolha, substituía por Bons Fluidos, cadernos culturais de jornais amarelando, Isto É e em último caso, Nova ou Men´s Health. Quase escolhia médico assim: antes de marcar consulta, checava a linha editorial da sala de espera. Uma ex chefe preferia conferir no livro de credenciados os bairros nobres, preferencialmente um doutor com sobrenome judaico, assim garantia que ao menos estudados eles eram, já que se vangloriavam que "conhecimento ninguém tira dessa comunidade". Ela não. Ultimamente também verificava com a secretária se o médico desceria o cacete no Mais Médicos, caso contrário ia fazer manutenção ginecológica e por tabela sua gastrite era atacada. Andava em crise com os que classificava classe mérdia e se auto enquadrava como sub classe mérdia, muito embora os amigos a provocassem dizendo ser aspirante a esquerda caviar, com aquela mania de procurar médico holístico, quando o orçamento ajudava. Um dos primos ou tios juravam que era possível falar com ela de colostro a física quântica. Também lia os livros, mas esses demoravam mais a acabar, conforme a programação de sua circulação: se pegassse mais transporte público que carona no horário do rush, teria que se segurar mais e consequentemente conferir obras e folheá-las ficaria inviável nas idas e vindas modo lata de sardinha. O pai também foi maníaco midiático. Conta o folclore familiar que para "devolver à natureza" tinha que ler uma Globo Rural inteira, com perdão da simbologia escatológica. Eram em muitos irmãos, a casa só tinha um banheiro, nas manhãs de apuro para irem ao trabalho, brigavam pelos banhos e escovadas de dente nele (entre outras pautas reinvindicatórias), a ponto de quebrar cadeira um no outro. Aparentemente eram interessados e bem informados, embora de difícil convivência. A irmã mais nova era enlouquecida por Casa Claudia, Estilo e Casa & Jardim. Única abastada dos sete irmãos, tinha obsessão por construção, lipoaspiração e reforma, devia estar na quarta, se os familiares não perderam as contas. A que roubava matérias nos consultórios tinha começado com os gibis. Não a roubar, mas a ser nerd literária. Quando muito pequena, liam para ela, que saía recontando aos vizinhos, colegas e amigos, na fase anterior à suspensão precoce da infância das crianças para começarem na escola, então era natural estranharem:
- Mas vocês não alfabetizaram cedo demais?
- Ela não lê, decora e reconta.
Deve ter sido com uma ida conjunta em algum médico que a sobrinha começou a rasgar e roubar matérias dos consultórios. Eram ágeis. Bebiam uma água, iam ao banheiro ou aproveitavam cinco minutos de solidão na sala de espera para levar embora as páginas mais interessantes. Tossiam ou riam para abafar o barulho das páginas. Tinham um certo orgulho marginal de recontar essas peripécias, mas há um mês a mais nova rompeu a tradição familiar pedindo à terapeuta:
- Posso levar a matéria sobre Alexandre Nero?
Teve dúvidas entre o conteúdo dele e o que escreveram sobre o primo Ignácio Loyola Brandão. A "rádio família" logo circulou a adaptação da redistribuição forçada de informação recente. Desde então a tia larápia intelectual não fala mais com a sobrinha. Segue a vida...
sábado, 6 de junho de 2015
Perfume da Terra
Tive uma infância de cheiro inesquecível no norte do Paraná: cheiro de chuva, café e terra vermelha. Em São Paulo, minha mãe sempre mandava lavar o pé (agora me toquei, é lembrança de uma região em que casas, carros, cachorros brancos, todos viram marrons) e no ABC até tive algum quintal, mas mais caí que aproveitei, por conta de uma pegada desastrada sagitariana. Aqui em São João City, minha mãe sempre mandava entrar quando "estava ficando tarde" e os vizinhos solidários brincavam comigo no corredor. Devo pra minha criança interna subir em árvore, se lambuzar na lama e construir brinquedo. Em Santo André lembro de andar numa bicicletazinha do primo, antes dele mudar pra blasé Curitiba, de tomar banho de mangueira com a irmã dele e a tia divetida mãe dos dois, de ser enterrada na areia pelos primos em Guarulhos, brincar de bonequinhos guerreiros com eles, da minha
Barbie ser apaixonada pelos Falcons que os primos tinham e de outra tia desencanada me monitorar em viagem à praia por um pontinho ruivo que pulava láááá na água, enquanto ela preferia o sol e a areia. Liberdade mesmo, só nos tios! Graças aos primos e mais primos não posso cantar como
Cazuza "sou filho único e você tem que entender que somos seres infelizes". Mas lá onde a terra cheirava à chuva ou café, tinham outras primas e o que era mais mágico, um quintal com um esconderijo de um tio avô que devia ter toc e levava para lá qualquer tranqueira descartada por Deus e o mundo na rua. Lembro do banheiro de buraco no chão, das casas de madeira, da varanda com rede, da tubaína que meu avô comprava (não parecia tão doce quanto hoje), de parentes e mais parentes com aquela sabedoria ancestral que não tinha paciência de valorizar pequena demais. Mas havia uma subidona (ou descida, dependendo se era hora de partir ou de chegar) e árvores frutíferas neste quintalzão do avô (a filha dele infelizmente cortou tudo hoje, pena que não tem polícia florestal por lá). Vô tinha botas pesadas, cruzava a cidade de bicicleta, deixou escritas memórias dos tempos de pioneiro no norte do Paraná (atualmente ganhamos placas de rua com nome de antepassado),
paquerava no baile da saudade, subia em árvore com os pequenos já de cabelos brancos, puxava bloco de idoso no Carnaval e levantou gerações numa árvore genealógica em que chegou à conclusão "somos caboclo com caboclo". Não consta gringo e como meus pais são primos, parte dessa árvore se cruza fácil, foram gerações casando primos, eles viviam em fazenda, só visitavam parente, como raios conheceriam gente de fora dos Mendonça, Machado, Brandão ou Duarte? Meu colega prô de história diz que inveja meu pique (embora ele já tenha sido mais digno de neta do seu Renério, mas devo ter puxado parte do gás que sobrou dele). Ah, ele fazia bolinho de chuva, que agora estou com vontade de levar para os alunos (assado, pois sou teimosa natureba). Parte do talento jornalístico também vem dessa direção familiar, pois quando vô vinha para São Paulo, achava gente que tinha trabalhado ou estudado com ele há décadas, pelo 102 (parece que a Telesp tinha um serviço de auxílio à lista melhor que o da Telepar, mas hoje em dia quando tentamos o contato do Ministério Público ouvimos "assinante não autoriza divulgação". Incrível ainda ter teimoso com a cara de pau de defender privatização). Tinha mal estar de não lembrar a última vez em que conversei com seu Renério, pois quando ele ficou 3 meses internados antes de ir embora eu estava naquela fase de quase dormir na redação, com plantão e fim de faculdade. Mas minha mãe recordou que uma prima achou bonito eu cantar para ele no hospital. Tenho uma impressão que a contadora de histórias nasceu lá. Sei que fugi ao título leitor, mas a última vez em que voltei a Cambé, grudada à Londrina, não senti mais o cheiro de terra vermelha, café e chuva. Tô igual Drummond "Itabira é um quadro na parede/ mas como dói". Devia ser bonito plantar lá. Só desconfio que esse perfume da terra ficou na minha infância, não sei se por poluição, falta de água ou... Até os cheiros devem ser mais marcantes quando somos pequenos. Nem é aniversário de ninguém da família. Desconfio que este post nasceu por conta da... minha gata Peteca ser tão "criança feliz" quanto meus alunozinhos das creches. E de repente eu sentir falta da Luciana, Denise, Marcia, Michelle, Rodrigo, Carolina, Rogério, Ricardo, Tiago, Mariana, Raíra, Nathalia, Junior, Renerinho... Pra quem não está um estado abaixo... Um café antes do feriado acabar era providencial, não?
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Esse primo claro que já está maior que eu |
paquerava no baile da saudade, subia em árvore com os pequenos já de cabelos brancos, puxava bloco de idoso no Carnaval e levantou gerações numa árvore genealógica em que chegou à conclusão "somos caboclo com caboclo". Não consta gringo e como meus pais são primos, parte dessa árvore se cruza fácil, foram gerações casando primos, eles viviam em fazenda, só visitavam parente, como raios conheceriam gente de fora dos Mendonça, Machado, Brandão ou Duarte? Meu colega prô de história diz que inveja meu pique (embora ele já tenha sido mais digno de neta do seu Renério, mas devo ter puxado parte do gás que sobrou dele). Ah, ele fazia bolinho de chuva, que agora estou com vontade de levar para os alunos (assado, pois sou teimosa natureba). Parte do talento jornalístico também vem dessa direção familiar, pois quando vô vinha para São Paulo, achava gente que tinha trabalhado ou estudado com ele há décadas, pelo 102 (parece que a Telesp tinha um serviço de auxílio à lista melhor que o da Telepar, mas hoje em dia quando tentamos o contato do Ministério Público ouvimos "assinante não autoriza divulgação". Incrível ainda ter teimoso com a cara de pau de defender privatização). Tinha mal estar de não lembrar a última vez em que conversei com seu Renério, pois quando ele ficou 3 meses internados antes de ir embora eu estava naquela fase de quase dormir na redação, com plantão e fim de faculdade. Mas minha mãe recordou que uma prima achou bonito eu cantar para ele no hospital. Tenho uma impressão que a contadora de histórias nasceu lá. Sei que fugi ao título leitor, mas a última vez em que voltei a Cambé, grudada à Londrina, não senti mais o cheiro de terra vermelha, café e chuva. Tô igual Drummond "Itabira é um quadro na parede/ mas como dói". Devia ser bonito plantar lá. Só desconfio que esse perfume da terra ficou na minha infância, não sei se por poluição, falta de água ou... Até os cheiros devem ser mais marcantes quando somos pequenos. Nem é aniversário de ninguém da família. Desconfio que este post nasceu por conta da... minha gata Peteca ser tão "criança feliz" quanto meus alunozinhos das creches. E de repente eu sentir falta da Luciana, Denise, Marcia, Michelle, Rodrigo, Carolina, Rogério, Ricardo, Tiago, Mariana, Raíra, Nathalia, Junior, Renerinho... Pra quem não está um estado abaixo... Um café antes do feriado acabar era providencial, não?
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