domingo, 9 de dezembro de 2012

Navegação rio acima

Os 35 sangram
de vertigem e falta de sono
Os 35 sujam
o que não quero nem preciso mais
Os 35 doem
a descoberta de que a escolha sempre foi minha
Mas me agarrei a um sonho mofado
Os 35 ralam
de tombos e amores enviesados
em que matei plantas promissoras por afogamento
Os 35 dão um vácuo
de desmamar duma dieta tóxica
e pedir abertura em relacionamentos viciados
Os 35 vazam
o que não encaixa mais
e o que tenho de mais apaixonado em mim
Os 35 não tem limite
até que o corpo me breca
Os 35 me lavam de água salgada
só que depois de uma longa jornada noite adentro
é reconfortante
Os 35 levaram a ânsia
de sorver a vida em goles sôfregos
Os 35 cantam
com o avesso do meu próprio sofrimento
Os 35 acham o tempo que passou em mim bonito
Os 35 adiantaram presentes e adiaram desejos
Os 35 tem menos confete
Mas muito, muito mais a comover
Evoé

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