domingo, 20 de janeiro de 2013
A vida é um segredo de Deus sussurado numa noite de chuva
Descubro que uma das paixões familiares da minha vida tem traços de depressiva crônica: acha a vida feia. Sei que melhorei não por querer fazer tudo ao mesmo tempo aqui e agora, mas por voltar a sentir uma empolgação infantil pela vida. Pelo que não tem preço. A amiga que quer te dar um presentão que ainda não pode pagar. Dormir com a filha do primo. Cantar e recomendarem que invista nisso. Fazer yoga sozinha e virem perguntar se dá aula. Dançar de olhos fechados e ouvir que é bailarina profissional. Fazer rir em cena. Lembrarem de "contação" de história sua no metrô. Não te reconhecerem no palco. Rir com amigos até a barriga doer. Ganhar abraço de criança depois de encenar uma lenda budista. Ouvir que teus textos tem um quê de Woody Allen, Fernando Pessoa e Clarice Linspector. Brincar com o afilhado. Se embriagar com a filha da amiga no colo e não querer por no berço nunca mais. Encontrar o espaço de paz entre um pensamento e outro meditando. Ouvir de aluna "aborrescente" para continuar dando aula, mesmo cismada que não acerta tanto a mão quanto gostaria. Autografar as páginas publicadas para os amigos e parentes. Aprender e ouvir apaixonados por diferentes assuntos em matérias das mais variadas. Massagear e ouvir que fez acreditar que a felicidade existe, fazer dormir melhor por dias, escutar que tem mão boa para aquilo, por para roncar com as pontas dos dedos. Cozinhar para quem se gosta e ver repetirem. Gargalhar com livro em condução pública. Andar na beira da praia. Subir montanha e encher os olhos com a vista de cima. Sentar na beira do rio e ficar com os pés n´água. Andar a cavalo. Reler livros criados e desenhados na infância. Ouvir que pelo que conhecem de você, não consegue fazer trabalho meia boca. Vento no calor. Escutar que tem estilo. Sol no frio. Criar. Se esquecer na rede. Fazer banho de creme. Hidromassagem. Pintar o cabelo e acharem que é natural. Aprender a se maquiar. Querer chorar com grafite. Se besuntar de hidratante. Sentir a presença do Dalai Lama. Reencontrar amigo sem planejar. A afilhada te considerar tanto, mesmo sendo uma madrinha de quinta categoria. Beber água de coco. Ouvir o Lama Padma Santem. Incenso. Estudar literatura com aspirantes a escritores. Ensinar Frida e Gabriel Garcia Marquez para quem não parecia curtir artes plásticas ou ler uma "bíblia". Dar presente. Ganhar livro. Depois de um filme dividir com um companheiro de sala escura: "não é lindo"? Explorar a luz e acertar na fotografia. Gilberto Gil. Generosidade familiar. Bolinho de chuva. Borboletas dando rasantes na boca do estômago. Comida indiana. Se esquecer no mar. Tomar chuva. Deitar na grama. Receber amigo. Bancar a tiete em show internacional. Conhecer todas as músicas em apresentação musical. Tchai. Apagar na aula de yoga. U2. Se equilibrar na bola no pilates. Cachorro vir consolar quando você "abre a boca". Meditar nadando. MPB. Céu estrelado. Cheiro de terra vermelha, café e chuva. Comida orgasmática. Reggae. Dançar forró. Comida mexicana. Ligação de amigo. História em quadrinhos. Ouvir que está cheirosa quando parece que o banho de creme, perfume, desodorante e leave in venceu. Fazer retiro. Reencontro. Criança arisca te dar beijo. Lerem nas entrelinhas do que você escreveu. Música indiana. Mergulhar. Tocarem para você. Se divertir com a companhia, independente do programa virar um mico. Fazer tirolesa. A gatinha da amiga querer dormir com você e te lamber. Beijo sincronizado. Pintar cerâmica. Ser carregada no colo quando fragilizou. Ficar descalça. A filha da sua amiga pedir sua presença na festa em que só mães seriam convidadas. Foto de infância. Colegas de trabalho lembrarem de você. Dançar música africana. Dar banho. Sono em que se lembra dos sonhos. Comer gemendo. Festa à fantasia. Descobrir música. Modelar. Redescobrir uma cantora. Ler Veríssimo e Mário Prata. Rir online com colega sarrista. Elogiarem seu sorriso depois de ser o maior lucro da indústria ortodôntica. Prosa com cabeleireiro antigo. Lembrarem da sua voz ou nome mesmo quando tua memória não ajuda. Conhecer lugar novo. Moda de viola sem letra. Aprender o que parecia ininteligível. Fazer circo. A terapêutica do trabalhar ensandecidamente. Rir da sua desgraça. Sambar mesmo sem saber. Fazer trilha com tempo nublado. Esperança pós deprê. Ganhar flor. Abraço. Banho gelado no calor. Cheiro de comida ficando pronta. Personalizar sua casa. Sonhar acordada. Fazer criança rir. Dormir com barulho de chuva. A libertação pelo riso. Fazer trabalho voluntário. Retorno positivo inesperado. Experiência mística. Dança cigana. Fogos de artifício sem barulho. Chorar de alegria. Ser surpreendida. Serem generosos com a gente. Livro infantil. Perfume amadeirado. Cafuné. Sonhar acordada. Comida natureba. Lavar o quintal. Tomar banho de mangueira. Te reconhecerem depois de suar a camisa. Insônia criativa.
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