- Sim, mas sentei e esperei passar
- Ué, mas emitir um porrilhão de certidões, fazer projeto criativo empreendedor, levantar minha capivara e provar minha idoneidade em secretaria de educação ou cultura equivale à mesma coisa.
(acrescentar depois de comer uma rabanada:)
- Não, concurseiros ainda estão há zilhões de anos encostados nos pais, Nós só passmos para jantar quando a vertigem lembra.
- Você já pensou em fazer um trabalho mais significativo e encontrar a cura para sua gastrite?
- Sim, eu coloquei cabresto em meu cérebro de forma maternal: "já passou, foi só um pesadelo".
- Só que aí acordei e comecei a escrever um best seller.
- Sim, mas tenho medo de repartição.
- Aconteceu, mas o anti depressivo curou.
- Anualmente, nas ceias e confraternizações.
- Não sei, tem servidor bonitão por lá?
- Sobra tempo para ensaio, aula, trabalho voluntário e coreografia de dança brasileira?
- Prefiro ser a cigarra. Sabe o que estou ensaiando?
- Não, mas você podia pensar em contribuir com o meu crowfunding. Dizem que ganham bem.
- E você já pensou em não deixar os filhos com a avó?
- E dar um tiro de misericórdia nesse relacionamento moribundo, você avaliou?
- Sim, com a mesma periodicidade com que me entristeço com a recepção pouco calorosa dos parisienses... Deixa ver... Duas vezes em quase quarenta anos?
- Você já pensou em redirecionar o investimento a fundo perdido para parar a investida do tempo contra você em projeto educativo, cultural ou esportivo? Se não me engano, todos deduzem imposto.
- E você pensa em arcar com algum investimento meu ainda nesta encarnação?
- Tinha feito um propósito de ano novo para pensar, mas os editais, ensaios, aulas e namoros não me deram tempo, você acredita?
- Não acho de bom tom.
- Vovô se aborrescerá se te der a resposta que gostaria.
- Seria perigoso para eles.
- Tanto quanto penso na cultura adversa da Tasmânia.
- Já tem algum que ofereça assinatura de ponto e mecenato sem obrigatoriedade de frequência e não fiquei sabendo?
- É igual ao seriado global Aspones ou aquilo foi licença poético ficcional?
- Vocês já aceitam performers na repartição?
- Avaliei, mas o telemarketing é mais acolhedor com transexuais.
- Mãe! Pega de volta a educação que me deu fazendo favor?
- Quantos de vocês já fizeram residência artística internacional? Você acha mesmo que compensa?
- Pai! A manutenção da civilidade é mesmo necessária até o fim da ceia?
- Fiz, mas apanhei em sala de aula e achei mais digno passar o chapéu no metrô mesmo.
- Tira as crianças da sala para continuarmos o debate fazendo favor?
- A última informação que tive é que não trabalham com clowns lá, mudou a legislação?
- Fazer a unha, chapinha, estuprar o pé no salto e me violentar no vestido foi o máximo de flexibilidade familiar que consegui neste ano, quem sabe em 2015?
- Dilma descambaria de Brasília pra me puxar a orelha, seria vexatório para a categoria.
- E o que seria do humor de vocês se tivesse estabilidade e compartilhasse #partiuPatagônia no próximo fim de ano?
- Meus pais já infernizaram vocês com meus 20 dias fora, imagine se levantar verba para um ano sabático?
- Vocês trabalham fumando baseado? Ué, então qual a vantagem de não ser mandado embora?
- Nunca vi servidora com roupa multicor de figurino, logo não "orno" no ambiente. Né vó?
- Pq o pedido da vó para Deus era um trabalho perto de casa, que eu gostasse, pagasse bem, trabalhasse pouco, com chefe bom... Respeito a tradição católica meticulosa dela. Estou quase lá. Ela ficaria feliz não acha?
- Se você se propuser a desencostar do marido eu entro na promessa coletiva familiar e ano que vem realmente teremos milagres a compartilhar na ceia natalina.
- Precisamos ter o que discutir ano que vem.
- E o fetiche por travecos, também pensou em abrir o jogo? Esse ambiente de confraternização anual é bem propício. Não foi o tio que num fim de ano pediu para passar o peru e na sequência disse que era gay? Se bobear, com a bebedeira, nem ouvirão né?
- Me parece que meu carma vai melhorar mais se eu passar no programa de voluntários da África da ONU.
- Saiu a torta de abóbora! Também vai querer?
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