Quando sua boca
celebra em minhas articulações
um dia de tortura chinesa em sua homenagem
cada palmo de mim
agradece em festa escancarada
se relaxa meus pés em tuas palmas
e me remete ao crainho
campeão de preferência da infância
quebra em mim
a resistência derradeira
se dança em mim
como quem redescobre
um ritmo novo
faiscando peles meio encantadas
e um tanto tímidas
algum recanto de mim
ensaia abrir a barragem
da perda momentânea dos sentidos
se soltas tua língua
insistindo em classificar minha carna
com o lugar comum de sempre
uma romântica mal disfarçada
espera o detalhamento
do que te atrai
se me chama
pra perder o controle contigo
me sinto pressionada
e travo das quatro
ainda que estejas me cobrindo
é que esse ouvido
meio cabeçoide
e um tanto idealista
espera reinventar contigo
essa linguagem intraduzível e universal
desse ensaio de paixão
que brilha a pele
e reaviva os olhos
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