Há uma semana conseguimos provar que sim, ao contrário da música do Criolo, Existe Amor em SP. E também protesto, como atesta a imagem do meu professor de roteiro, Ricardo Espíndola. De Pinheiros até a Globo no Morumbi, a designer Daniele Vargas registrou "executivos coxinha" caminhando ao lado de casais de namoradas, senhorazinhas compartilhando do mesmo ideal de jovens, punks, playboys e gente da periferia entoando o mesmo grito de protesto, motoristas buzinando e sorrindo no trânsito. O Terra ainda registrou policiais se sentando ao lado de manifestantes e sendo aplaudidos. Sou seja, nem tudo está perdido, tem muito incômodo em comum unindo indignados - muitos inclusive que nunca tinham ido às ruas. Esto é um post de uma brasileira que não desiste nunca - e ainda por cima sagitariana, incorrigivelmente otimista.
Também não vou dar uma de bairrista que só em São Paulo tivemos durante uma noite de protestos uma demonstração de que é possível que pessoas que geralmente pensam muito diferente se unam reivindicando as mesmas pautas - redução de tarifa de ônibus, hospitais e escolas "no padrão Fifa", que os gays não sejam tratados como doentes por políticos de mentalidade enferma. Em Pernambuco os manifestantes conseguiram entregar as flores aos guardas, que seguravam faixas apoiando a revolta mais do que justa deles. Fora o policial que espirrou água ao invés de pimenta nos manifestantes e foi punido - ou seja, grazie a Dio nem todos simplesmente "cumprem todas as ordens" como robozinhos.
Também não sou "criança feliz" de achar que tudo são flores. Desconfio que os filhos ou netos daqueles asquerosos dos carecas do ABC, que queriam bater e matar negro, nordestino, gays e tudo que fosse diferente do padrão raça superior que criaram em suas ideologias furadas, devem ter resolvido vir para a rua no fim da semana quebrar bandeira não só de partido, mas de militante negro também. Ou seja, eles não são só contra partidos, mas contra a diferença. E quem auxilia na organização da batalha pelos direitos que nos são negados se não os movimentos e alguns partidos que já estão na briga há mais tempo? A vizinha de fila na drogaria reclamando "que não aguenta mais tanto protesto" é que não é. Embora esta direita fascista criando página no Face a favor de golpe militar seja de arrepiar os cabelos e segundo o jornalista Sakamoto, a maior parte do País queira redução penal, seja contra casamento gay, ache que a mulher não é dona do seu corpo e tenha nojo de imigrante pobre latino americano, esta lição do significa nosso hino, colocada em prática em pleno metrô paulista, me parece uma luz no fim do túnel de que temos conexões similares, já que na entrada deste transporte público não se checa se os usuários e manifestantes são a favor das mesmas causas para embarcarem na mesma estação. Como fazer o policial entender que ele também é povo? A "classe mérdia" que o consumo instigado pela mídia é insaciável e o roubo na educação, saúde, contra um é contra todos? Só por Deus, diriam meus parentes evangélicos. Só pela conscientização política e social, atestam meus primos, militantes e educadores. Tendo mais pela segunda opção, até por ter estudado licenciatura em artes cênicas, por ter sido "irremediavelmente acordada" de uma das montagens da peça Mais Valia Vai Acabar seu Edgar, ter tido pai sindicalista e rata de aula de história. Se conhece quem fugiu delas, senta com o "nó cego" pra ser didática por amor à pátria. Como dizia Jesus, "eles não sabem o que dizem". Aguardamos, trabalhamos e torcemos pela cenas das próximas manifestações.
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