No momento mais história em quadrinhos pós-moderna da minha vida,
desconstruo sonhos de fada. Faz frio e no aguardado reencontro com o “homem da
minha vida das últimas três semanas”, preferia que ele me pegasse de carro aqui
na porta de casa. Mas somos de carne e osso, sofremos os mesmos apertos, na
melhor das hipóteses ele me pegaria de moto, mas hoje é o metrô que nos
aproxima.
Também escolheria um filme, peça ou show de encher os olhos e o coração,
jantaria fora, voltaria discutindo enredo ou repertório e terminaríamos a noite
num queijo e vinho de se comer gemendo.
Mas somos mortais, fomos atingidos pela última longa e tenebrosa crise e
faremos “balada doméstica” do DVD, comidinha e edredom, mesmo odiando Big
Brother.
Ainda nos livrando dos estereótipos Disney e Hoolywood, é provável que
fizéssemos ajustezinhos mínimos um no
outro. Mas temos raízes e asas e nossas delícias são cotidianas: dizer que não
podemos cuidar, mas lembrar o outro para tomar o remédio, afirmar que não
podemos dar mais do que bons momentos fugazes e ligar para perguntar como foi o
ansiado teste para “o emprego dos sonhos”, se entrincheirar atrás dos medos e
traumas na teoria, mas na prática dormir de conchinha.
Meu professor maníaco pelo romantismo tem razão: somos invariavelmente
sonhadores e idealistas. Mas é ao teu lado que quero ficar hoje, em silêncio,
mesmo sendo verborrágica. É este momento completo e inteiro que me basta por
este instante mágico. Nunca tive talento para Cinderela mesmo. E olha que como
falastrona incorrigível, sou uma contadora de histórias de mão cheia!
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