quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Somos a metade de uma terra que se desencontrou

Não é só perder o chão
que faz falta
Na hora da dor
vibrar junto
pra passar rápido
Contar tarde da noite
porque gosto de chuva
Torcer pelo projeto
que o outro toca
como se fosse nosso
Mostrar qual o beijo
que arrepia a espinha
não é o único vácuo
Ficar deitado pertinho,
esperando o sonho vir
entregue à preguiça
e à completude do outro
Ler em voz alta
sonhar com as horas vagas
feito a espera da festa
melhor que ela própria
pegar o sobrinho no colo
Subir no balanço
feito criança crescida
e pedir um empurrão
Deitar na grama
e ficar vendo
as nuvens passarem
Caminhar na beira mar
chutar água salgada
um no outro
esquecer que idade temos
Trocar olhar cheio d´água
depois duma peça
sem dizer uma palavra
ou rir até o estômago doer
num filme
Pedir a pipoca
na boca
Fazer trilha
até escorregar
e pedir apoio
Escolher junto
o candidato menos pior
procurar um trabalho
voluntário juntos
que aqueça os dois corações
Pintar uma parede
pendurar um enfeite
inventar uma decoração
que só aquele canto
vai ter
Encostar no frio
mas não precisar
pedir abraço
só esperar
o braço
aconchegar
Esticar esteira
no parque
metade na sombra
e metade no sol
Cantar junto
em show
e perdoar
o grito adolescente
Somos a metade
de uma terra
que se desencontrou
E sussura baixinho
para se reencaixar

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