quinta-feira, 21 de março de 2013

Casa da Mãe Joana


- Caraca!
- O que foi?
- Meu pai!
- Mas ele não avisa?
- Bom, o pedido tem sido esse! O pior é que já falei que ia me pegar com a “buzanfa” para cima e ele está pensando que é brincadeira...
- Cobre isso aí. Cadê minha cueca?
- Não sei. Você acha que enxergo sem luz e óculos? Menos ainda despencando da cama de madruga!
- Achei. Catzo, cadê a embalagem da camisinha?
- Sei lá, a gente batizou a casa inteira ontem. Onde enfiei o KY?
- Ficou em cima do lustre.
- Ufa! Bem escondido. E meu sutiã?
- No balcão da cozinha.
- Ainda bem que sua memória é imbatível. Difícil recolher rastro de "suruba doméstica" a toque de caixa.
- Esconde essa coleira, teu cachorro nem voltou da tua mãe, vai dizer o que?
- E essa máscara?
- Ah isso pode inventar que é ensaio para pular na avenida por causa do Carnaval. O que você vai falar?
- Pai esse é o meu freela fixo.
- Heim?
- Não temos vínculo empregatício, mas já conquistei uns benefícios trabalhistas e uma certa estabilidade nas parcerias.
- Chato.
- Mas é pra constranger mesmo!
- Fala que eu...
- É o cara que troca meu óleo...
- Você esqueceu do exame cedo filha?
- Pai, esse é o meu amigo arco íris.
- Igual ao logo da parada gay? Ele também é...?
- Isso! Sabe que temos mais bom gosto e fiquei discutindo a estética da fantasia dela até tarde, acabamos desmaiando bêbados de sono no sofá cama.
Uma semana depois
- Ah não!
- Teu pai de novo?
- O marido da minha madrinha que está pintando a casa. Pior que meu pai, toca a campainha e já mete a chave na porta. Você nem se mexe?
- Eu não, isso aqui é pior que a Casa da Mãe Joana.
- Vou lá tocá-lo fazendo de conta que minha mãe me deu educação... Tio... Tem gente em casa...
- E ele? 
- Disse que volta mais tarde e jogou as coisas da pintura lá na sala.
- Da outra vez pensei em me atirar da janela, mas...
- O que?
- Quebrar a perna não podia ser melhor que bancar o ator para o seu pai.

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