Somos irmãs por adoção e como na peça Cinzas do Velho, fizemos resgates inesperados na última semana, não dando cabo da cremação do pai e se prendendo num hotel de beira de estrada com carro quebrado como no espetáculo, mas quase trabalhando juntas, viajando, ganhando carona, consolando dores de paixão reincidentes, dançando e forçando a cuja bateria arria mais rápido a por o esqueleto para mexer. No saldo, uma manhã e uma noite sob lágrimas, o que parece ser um saldo positivo para quem cismava com a dubiedade do que sentimos, por conta de nosso jeito pé no peito capricorniano-Mendonça de amar.
Com massagem também se expurga mal estar emocional retardatário. Ou simplesmente se demonstra carinho espontaneamente. Pães na chapa e cafés cheirosinhos deram bom dia às nossas dores, risadas e sonhos ao menos umas três vezes nos últimos sete dias. Caronas comportaram palpites providenciais, gargalhadas espontâneas aliviaram mal estar emocional, cafunés noturnos acolheram dores imprevistas, risadas nos libertaram de "ranzinice" velha de guerra, soneca em beira de piscina aterrada deram uma trégua do calor meio trator entre árvores e pássaros violentando a cidade cinza, presente inesperado escancará em parede pelada a bênção de compartilhar gostos, desentendimentos, sabores, amores, reportagens e crônicas imperdíveis e impagáveis, além de roupas, batons, ideias, generosidade, presentinhos amortecerem amores que volta e meia davam coices ou cabeçadas - mas nem por isso negavam esse querer bem praticamente "de sangue".
E entre lágrimas, stress, palhaçadas, preocupações, boas vindas, caminhadas, acolhimento da escorregada do pé na jaca alheia, ampliação da flexibilidade com nossos mestres de paciência familiares, arrasta pé, troca de vivências espirituais, "uso da ironia como segunda língua", abraços nos amores de nossas vidas mais genuínos, "navegação autista de viciadas", nos deleitamos com uma nova velha paixão: Parati. Enchi os olhos e voltei à infância com o telhado de chita da pousada para lá de simplesinha, na qual perdemos o fôlego de rir, chorei no cais dos barcos como "mineiro que debuta com o mar", "fartei" os pés num chão histórico e descômodo, fizemos amigos, a simpatia dos caiçaras quase me fez passar por nativa, rejeitamos restaurantes "praticamente franceses","botecamos" à beira de pracinha interiorana, me desculpei com o primeiro cavalo de olhos claros da minha vida por subir nele para matar a saudade de andarmos juntos, perdi a vergonha de mergulhar de calcinha e sutiã, "tão pouco diferentes" do esquecido biquini, singrei os mares fluminenses deitada e folgada e - quem diria, ironia do destino - retornei à meditação me fartando da paisagem no farol histórico. Não, nem tudo são amores. A sobremesa italiana me deixou empachada, o chão do quarto e lençol onde dormimos eram suspeitos, bêbados forçaram amizade na viagem e na balada, imprevistos abortaram ainda mais delícias conjuntas, a pele meio papel de seda se ressentiu dos paralelepípedos paratianos, Iemanjá levou mais que imaginava após nosso ansiado reencontro e a areia da Ilha Duas Irmãs lembrava a de Itaparica pq não se transforma uma praia em particular impune. Mas tudo contribuiu para um raro sono de Mendonça voltando para o caos metropolitano. E nele acolhemos pirações, relevamos os lados gourmets que enfiaram os pés nas jacas, mimamos a "filha-afilhada adotiva", brincamos de Lilica com a tarada canina e de afro noturnas, botamos chateação fora de lugar para correr, demos apoio moral à inadiável faxina, fomos carona paciente, cantoras, cabeleireiras, prolixas e filósofas, além de comprovar que de médico e..."louca mansa", Deus e o mundo têm uma porção significativa.
Bem, se havia dúvidas sobre essa "irmandade construída", espero que elas tenham se dissipado.
P.S.: Este post espera por suas "ilustrações" brother rs
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