Outra leva de produtos do banheiro foi para o descarte e separado para ver se a faxineira do condomínio se anima a reciclá-los.
No escritório xérox e livros esperando revisão e reestudo há anos foram para reciclagem. Os livros foram redivididos. Gavetas limpas e rearanjadas. Agendas descongestionadas. Material de papelaria voltou ao lugar certo. O que andou parado foi posto para que outros possam trabalhar melhor o material. Louça limpa. Cabelos e pele empastelados com banho de creme e argila por horas. Dizem que trocando a cor meio que mudamos a vida. Voltando à original também, será? Sacolas tem indicação de destino grampeadas. Livros emprestados começam a voltar aos seus donos.
Entre manhã e tarde suando a camisa pondo a casa (interna e externa) em ordem, não só os cômodos se mostram mais leves: a mente se apazigua na medida em que o que se precisa e o que não é procurado sempre ganha espaço pré-definido.
Entre uma faxina e uma redefinição de espaços atendo telefonema meio angustiado. Talvez por ter posto meu ninho em ordem, ajudo na medida de possível o lado de lá a se reacomodar mais confortavelmente. Outros telefonemas que usualmente dão choque terminam em paz. E uma chuvinha de fim de tarde abençoa esta semana que começa com ideias, projetos e sonhos em ordem de chegada. Só o abastecimento interno pecou por excesso e gula.
"E se uma sangria desatada é estancada
Outras podem esperar e até mudar de curso
Distanciar do amor que chega manso
e abrir frestas e curvas para que ele assente
faça pouso e veja as estações mudarem de cheiro
Procurar as raízes já longe e aceitá-las
Trabalhar a terra de bom grado
testar novos aconchegos
Mudar do modo randômico precavida
para disposta e receptiva
Semear novos frutos já aguardados
Encontrar pertencimento inesperado
pulsar gratidão e olhar para além do casulo
metamorfose por um fio"